segunda-feira, 27 de maio de 2019

Sobre mordaças e antolhos


Sobre mordaças e antolhos
Por Mário Hermes Stanziona Viggiano

A fúria neoliberal dos defensores dos agrotóxicos, que culminou com a recente irresponsabilidade na autorização do uso de venenos condenados em outras terras reflete uma atitude governamental que prejudica, inclusive, o próprio agronegócio.

Ao saturar o solo de venenos, o agricultor elimina a micro fauna responsável pelo auto enriquecimento nutricional, além, é claro, de envenenar todos os outros seres, inclusive nós.

Os agricultores inteligentes, e nessa classe incluo alguns do grande agronegócio - já que burrice não tem a ver com o tamanho da terra - sabem que a compatibilização do Sistema Agroflorestal com a monocultura é um excelente negócio.

Proteger as nascentes da fazenda e criar corredores verdes nos quais são plantadas árvores nativas, frutíferas, forrações comestíveis e flores, vai gerar um estoque de matéria orgânica que pode ser revertido para o enriquecimento do próprio solo da cultura, além de atrair os pequenos e médios animais que estercam sobre esse húmus, enriquecendo-o mais ainda.

Sem a necessidade dos químicos, a Agrofloresta atrai e se encarrega de minimizar os danos dos insetos nocivos às culturas de alimentos, já que a sua biodiversidade oferece um cardápio muito mais atrativo para as pragas se alimentarem. A Agrofloresta atrai também os insetos benéficos, como as polinizadoras abelhas.

Não podemos esquecer que o Sistema Agroflorestal proporciona ainda, uma renda extra para ao agricultor, mantida pela colheita de diversos alimentos cultivados, muitas vezes, com um manejo muito simples.

Esse debate extrapola o sectarismo radical entre a esquerda e a direta, entre o orgânico e o agronegócio, governo e oposição. Torna-se um assunto de sobrevivência de nossa espécie.

Acredito que podemos encontrar um “caminho do centro” que viabilize o convívio da diversidade. A floresta produtiva convivendo com a grande produção de alimentos.
Ah, os radicais. Quase me esqueço deles!

Não adianta colocar-lhes mordaças, pois isso seria antidemocrático. Precisamos sim, retirar os antolhos que já vieram modelados, de fábrica.

Brasília, 26/05/2019


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